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Mostrando postagens de 2016

onde estávamos quando o tempo passou?

Toda vez que penso em você, repito "de resto, a vida passa e a gente nem vê" Esquecer quem a gente deixou de amar... vá, lá. Mas e quem a gente não deixou de amar, como faz pra esquecer? Em quatro anos, você foi o meu companheiro - às vezes longe, às vezes perto - nos fins de ano, nos fins de ciclo, nos fins de semestre, nos fins. Até que o nosso fim chegou. Num dos natais em que éramos namorados, estávamos em Portugal e ontem, 24/12, o facebook me lembrou que eu escrevi - por ocasião desse natal - que eu estava entre amigos queridos, mas também estava em família, porque você também era a minha família, já, naquele natal de 2013. A vida passa e a gente nem vê. Quanto tempo passou desde aquele natal? quanto tempo passou é fácil calcular fora de nós, é só olhar pro que tá no calendário, é só contar os anos, dá pra saber. E dentro de nós? Como sempre foi e sempre será, eu consigo falar (ou posso tentar) sobre o que está dentro de mim. Mas nunca sobre o que está dentro de ...

"Sambando eu mando a tristeza embora"

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Baixada a poeira, é hora de levantá-la novamente. Mas a gente pode fazer isso de maneira boa. Na Estação Primeira canta-se "Cuidado que a Mangueira vem aí, é bom se segurar porque a poeira vai subir". Mas não tô aqui pra falar de Mangueira ou Portela ("se eu for falar da Portela, hoje eu não vou terminar" rs). Mas tô em Madureira pra falar do Império Serrano. A comunidade da serrinha vem pra 2017 com um dos sambas mais bonitos do ano, numa homenagem ao poeta Manoel de Barros. O que rola, na real, é que em Madureira tem poesia no ar e o samba é lindo de viver. Império Serrano busca melodia, cadência e uma letra linda pra contar a história do poeta. Abre-te ao samba, ao amor. Ou, como diz o próprio samba, "Abre a janela vem ver ôô / poesia brotar no quintal": Ouça aqui o samba do Império Serrano pra 2017 Meu quintal é maior que o mundo - Império Serrano 2017 ABRE A JANELA VEM VER ÔÔ POESIA BROTAR NO QUINTAL O CARNAVAL FLORESCER MENINO BERNA...

Eu (...)

Esses dias me deparei com Clarice Lispector sendo lida por uma atriz. Um vídeo no youtube, coisa simples. Mas a profundidade do texto de sempre, que acompanha qualquer escrito da nossa madame Lispector. No texto, a atriz proclamava, com dicção vibrante e sotaque carioca: "se eu fosse eu...?". Hoje, eu sou eu e entro no meu mais profundo eu. Hoje, o amor é latente, ele pulsa nas veias, ele abala as estruturas do corpo, ele faz chorar. Hoje eu caminhei pelo meu passado recente, eu senti as dores de sempre, eu amei mais uma vez. A falta mesma, de amor, como diria o poeta. Se eu fosse eu, o que eu faria? Hoje eu fui eu e sinto até o último fio de cabelo a dor de ser quem sou eu. Hoje eu lembrei daquela conversa sofrida: "Mas ficar com ele não vai abalar quem somos? 'não'; mas, ser tão próximo dele depois de tudo não configura uma relação? 'são diferentes'; mas e nós? 'nós estamos bem, eu te amo'". Se eu fosse eu, naquele momento (ou naqueles ...

It doesn't even matter

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Para ler ao som de:  Talvez valha a pena escrever uma montanha de clichês, de vez em quando. Quem sabe eles expurgam o que tá aqui dentro, ajudam a ressignificar, a curar isso que tem feito tanto mal. Pra começar, manda aquela frase do Jota Quest: vivemos esperando dias melhores. Na real, porque como diz outra parte dessa música, vivemos esperando o dia em que seremos para sempre. Essa é a história de um amor que não deu certo. Dois meninos que se encontraram numa festa aleatória e que já tinham se cruzado antes e que se curtiram e que começaram a ficar e que, desde o começo, se deram tão bem, que todos os sinais eram de que o mundo havia juntado duas pessoas que nasceram pra ficar juntas. Pra sempre. Os primeiros beijos, os primeiros dias, as primeiras semanas, as músicas toda vez que completavam mais uma semana juntos. Durou quase até outubro essa brincadeira de postar música. As viagens, os sonhos, as transas, as primeiras brigas. O amadurecimento. O apoio mútuo. A ...

No Rio, em casa

Chegar no Rio é chegar em casa, e a gente sabe como é chegar em casa, porque a gente tem saudade de casa. Passar uma semana fora já deixa a gente com saudade daqueles mergulhos no sofá da sala, de tocar sua música enquanto toma aquele banho esperto, de sentar no chão pra folhear seus livros. Mas quando eu chego no Rio, tenho essa mesma sensação, com uma saudade agravada por – algumas vezes – meses de distância. E poder entrar num dos ônibus malucos que correm a Avenida Passos em direção à região sul e sentir o velho conhecido frio na barriga todas as benditas vezes em que os motoristas dão aquela freada brusca – o que rola em cada esquina, em cada semáforo, diante dos táxis amarelinhos, sei lá – só isso já é a velha sensação de entrar em casa e largar no canto a bolsa (e a roupa). Da Zona Norte à Zona Sul, se enfurecer no metrô lotado, pegar um trem da Central, ter plena consciência da desigualdade surreal e criminosa que separa a Zona Sul do subúrbio, ou os bairros nobres da peri...

O retorno da dor

Às vezes volta a doer quando vc menos espera. Dói por tantos motivos estupidos. Hoje doi, mais uma vez, por tudo que eu fiz pra que a gente tivesse algo, conseguisse conquistar algo e viver melhor. Nunca foi suficiente. Eu sei que é besteira ficar revivendo / repensando no que já passou e não tem solução. Mas é tão tão tão revoltante. Eu soube da novidade. Soube pelos amigos, meio sem querer. Ele não só não quis viver comigo, como - de covarde que era - sempre me atrapalhou viver plenamente aquilo que eu queria muito. Mas eu o amava. E como disse uma postagem de facebook, outro dia: se afastar de alguém é difícil. Mas se afastar de quem você ama, isso é foda pra caralho. Que tristeza.
Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas. Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas. A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor É que são Ridículas. (Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas.) Álvaro de Campos, 21/10/1935
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Os amigos, a luz dos nossos dias. Incluso o Willer, que foi o fotógrafo da rodada e é grande amigo, em tão pouco tempo :)

mais um dia, você e mais eu

passos imprecisos levam-nos adiante. mais um dia. cheguei na plataforma pontualmente às 6h15; para o metrô, avanço alguns passos e entro pra me tornar parte da massa de pessoas que não conheço, mas que vão adiante, como eu. mais um dia se inicia sem a certeza de como terminará. foram assim todos os dias, embora eu tentei acreditar que alguma vez tenha sido diferente. ele não sai da cabeça, dormi pensando nele depois de trocar algumas mensagens, sonhei com ele e volto a pensar nele na hora que o fone de ouvido me faz escutar a voz de ana carolina cantando a batidérrima 'encostar na tua'; 2016 e a essas letras ainda fazem sentido na nossa vida? 'eu que também não sei onde estou'... 'eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua' a pergunta indireta que circula nas ideias como sangue que alimenta as células do corpo de oxigênio e conduz os hormônios pelo espaço somático adentro. são seis horas da manhã e penso nele, que não consegui esquecer ao longo...

quando eu estiver bobo, sutilmente disfarce...

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Hoje, vale mais a palavra dos poetas, do que as minhas. Pelo menos por enquanto...  "E quando eu estiver triste Simplesmente me abrace Quando eu estiver louco Subitamente se afaste Quando eu estiver fogo Suavemente se encaixe E quando eu estiver triste Simplesmente me abrace E quando eu estiver louco Subitamente se afaste E quando eu estiver bobo Sutilmente disfarce Mas quando eu estiver morto Suplico que não me mate, não Dentro de ti, dentro de ti Mesmo que o mundo acabe, enfim Dentro de tudo que cabe em ti Mesmo que o mundo acabe, enfim Dentro de tudo que cabe em ti" Sutilmente - Skank Composição de Nando Reis e Samuel Rosa

Sonhar, Criar, Voar

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"Esse sonho foi de Ícaro, Renasceu em Da Vinci Pipas chinesas, aves de papel... Era mais leve que o ar Nos balões a flutuar Cruzava mares, dirigível pelo céu" (Acadêmicos do Salgueiro, 2002) O sonho é voar e tirar o pé do chão e flutuar mundo afora. Perseguiu diferentes humanos e alimentou o sonho da criação e a criação do sonho. Aparentemente reservado a grandes gênios ou grandes sonhadores... A história de Ícaro que, recebendo do pai criador as asas que os libertariam do labirinto de Creta, voou tão alto que a cera que unia as penas derreteram, desfazendo as asas e o condenando ao mar e à morte. No século XV, o gênio Leonardo da Vinci já havia projetado modelos de máquinas voadoras ou acessórios para vôo; com um legado de mais de 5000 páginas de estudos, Da Vinci adiantou e muito o trabalho das questões físicas que envolviam a criação da máquina voadora. Em 1709, o padre brasileiro Bartolomeu Lourenço de Gusmão espantou a corte portuguesa, em Lisboa, com seu aeróst...

“Você não sente, não vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo...”

Suspenso. Flutuando. Querendo. Voando. A força das palavras pareceu unir aqueles dois que se encontraram por acaso. Sorrisos, passos, conversas, encontros. Encontros de sorrisos, de olhos e de ideias. E a força das palavras na troca das ideias unia ainda mais. Corta. A cena não é tão bonita, coloquem aí no meio um drama amoroso com o fim de uma relação longa e corações partidos. Juntem a isso uma relação forte de outro lado e misturem isso à empatia, à alteridade, à maturidade e à afinidade. Bem que se queria que a beleza se mantivesse impecável como o início pareceu mostrar. O tempo e todos esses elementos que compõem a história, contudo, são capazes de mostrar uma beleza diversa, que não tem forma, que não é predeterminada, que não segue padrões. Assim, é possível refazer a história e começar com outras palavras, mostrando uma força diversa tal qual a beleza: Era uma vez dois amigos que se encontraram por acaso e se deram bem e... E a vida se fez no agora, entre pores-do-sol ...
"lágrimas por ninguém Só porque é triste o fim..." (Paralamas)