mais um dia, você e mais eu

passos imprecisos levam-nos adiante. mais um dia.
cheguei na plataforma pontualmente às 6h15; para o metrô, avanço alguns passos e entro pra me tornar parte da massa de pessoas que não conheço, mas que vão adiante, como eu.
mais um dia se inicia sem a certeza de como terminará. foram assim todos os dias, embora eu tentei acreditar que alguma vez tenha sido diferente. ele não sai da cabeça, dormi pensando nele depois de trocar algumas mensagens, sonhei com ele e volto a pensar nele na hora que o fone de ouvido me faz escutar a voz de ana carolina cantando a batidérrima 'encostar na tua'; 2016 e a essas letras ainda fazem sentido na nossa vida? 'eu que também não sei onde estou'...
'eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua'
a pergunta indireta que circula nas ideias como sangue que alimenta as células do corpo de oxigênio e conduz os hormônios pelo espaço somático adentro. são seis horas da manhã e penso nele, que não consegui esquecer ao longo da semana. não seria capaz de esquecer a minha mão naquela cintura, aquela boca - e que boca - na minha boca. não seria capaz de não lembrar da sensação de ter aquilo que se deseja com tanta força. não era só mais alguém, na sala comigo, era virar, depois de lavar as mãos, e dar de cara com quem eu queria ver, com a pessoa que eu tanto desejava, e beijar aquela boca como se o tempo ficasse suspenso por alguns segundo e só existissem nós dois no espaço daquele beijo que deve ter durado a eternidade.
sonhar com aquele corpo próximo ao meu, sonhar com tocar cada parte daquele corpo enquanto a água fazia de nós um corpo unido pelo transparente sangue da terra que tocava a nossa pele. transpirar o desejo de te ter, de possuir você como só um desejo forte e ardente é capaz de fazer. te levar pra cama enquanto secávamos nossos corpos e deitávamos pra viver mais uma vez, intensamente, cada centímetro de prazer enquanto nossos corpos unidos mantinham aquilo que a gente não saberia explicar, mas que se aproximaria de algo que a gente chamaria de amor.
toca o aviso sonoro, é hora de desembarcar e seguir o que resta da distância caminhando. é hora de deixar de fazer parte da massa estática que ocupava o metrô e passar a fazer parte da massa caminhante que se desloca sabe deus pra onde. enquanto os passos me levam aonde eles querem, sigo pensando em você e em como é delicioso caminhar do seu lado, em como é gostoso poder sentar contigo e olhar pra você enquanto conversamos ou contamos algo um pro outro, no melhor tom confidente adolescente que não soa nada estranho entre nós dois, amigos ou amantes que somos.
a vontade é receber uma mensagem sua, trocar contigo uma poesia, ouvir de novo seu sotaque fofo, sua voz imponente, olhar seus braços fortes da semana de academia, seus lábios deliciosos, seus olhos de uma doçura encantadora e arrebatadora...
e assim me perco, mais uma vez, no sonho de ter você, até a hora que acordo enquanto chego ao trabalho e ali deixo você, o quanto posso, guardado num cantinho da cabeça, pra conseguir viver o meu dia antes de voltar pra casa e imaginar como está o seu dia, e pensar em como seria bom, no final do dia, poder te ver e comer contigo, e comer você e ser, mais uma vez, contigo, parte de um corpo único formado por dois corpos que se amam e se unem em busca de prazer.
passos imprecisos me lembram que é preciso cautela, que é preciso lembrar do outro, que é preciso conquistar.
o coração, mais preciso do que se pode esperar, lembra a todo momento que amor é mar.
disse frida, onde não puderes amar, não se demore. desembarco pelo lado esquerdo enquanto o meu lado esquerdo está inundado por essa força de sentimento que te arrastaria comigo pra brincar no mar, só pra ver satisfeito o desejo de te ter.
são 21h45, meus passos já não me levam em lugar nenhum, mas o meu pensamento já criou asas e está junto a você, nessa noite de sexta, tomando uma taça de vinho enquanto te abraço e, depois, te dou o beijo que guardei a semana toda pra te dar
precisos pensamentos de desejo me levam até você. aqui estou. mais um dia chega ao fim.

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