Eu (...)
Esses dias me deparei com Clarice Lispector sendo lida por uma atriz. Um vídeo no youtube, coisa simples. Mas a profundidade do texto de sempre, que acompanha qualquer escrito da nossa madame Lispector. No texto, a atriz proclamava, com dicção vibrante e sotaque carioca: "se eu fosse eu...?". Hoje, eu sou eu e entro no meu mais profundo eu.
Hoje, o amor é latente, ele pulsa nas veias, ele abala as estruturas do corpo, ele faz chorar. Hoje eu caminhei pelo meu passado recente, eu senti as dores de sempre, eu amei mais uma vez. A falta mesma, de amor, como diria o poeta. Se eu fosse eu, o que eu faria? Hoje eu fui eu e sinto até o último fio de cabelo a dor de ser quem sou eu.
Hoje eu lembrei daquela conversa sofrida: "Mas ficar com ele não vai abalar quem somos? 'não'; mas, ser tão próximo dele depois de tudo não configura uma relação? 'são diferentes'; mas e nós? 'nós estamos bem, eu te amo'". Se eu fosse eu, naquele momento (ou naqueles momentos) daquela conversa, eu não acreditaria, como não acreditei e por isso voltei tantas vezes ao mesmo ponto, à mesma pergunta. Hoje, eu sou eu e sabendo quem eu era naquele ano e meio atrás eu sabia que não era saudável. Hoje, ele te diz que 'te ama', enquanto o meu amor me desaba, desaba-me, porque eu sou eu.
Há uma semana amei você, novamente. Tava dando aula pras minhas turmas de 3ºmédio, meus formandos queridos. E o texto da apostila era "Mineirinho", de Clarice Lispector. Li aquele texto e chorei, como eu sei que você faz cada santa vez que lê. Eu chorei com meus alunos, eu chorei na frente deles, lendo o texto. Porque se fosse eu, teria chorado. E amei você mais uma vez, a cada linha; aquele amor que eu sentia por cada coisa que você amava. Engraçado - por ausência de palavra melhor - que Clarice diz, em determinado ponto de "Mineirinho": "eu sou o outro". E nesse momento eu sei que, amando você, se eu fosse eu, eu amaria as coisas que você amava. Porque sendo eu, eu era o outro. Sendo eu, eu era você, porque eu sou eu.
Se eu fosse eu, mal como fiquei, escreveria um texto, colocaria pra fora, por escrito, essas palavras, escritas no coração com uma ponta de navalha. Se eu fosse eu, escreveria a você. Sendo eu, fiz isso. Escrevi essas palavras. Escrevi pra você. Se eu fosse eu, seria gentil com você e ficaria feliz por você estar com alguém que te faz bem, mesmo que doesse de maneira que eu não acreditaria que suportaria. Sendo eu, tentei ser assim e quero que você seja feliz. Porque de todas as aprendizagens mais difíceis desse caminho pedregoso, a mais certa é que, mesmo sendo o outro, eu não deixo de ser eu. E quem precisa ficar bem, hoje, agora, quando, bem, sou ... eu.
Hoje, o amor é latente, ele pulsa nas veias, ele abala as estruturas do corpo, ele faz chorar. Hoje eu caminhei pelo meu passado recente, eu senti as dores de sempre, eu amei mais uma vez. A falta mesma, de amor, como diria o poeta. Se eu fosse eu, o que eu faria? Hoje eu fui eu e sinto até o último fio de cabelo a dor de ser quem sou eu.
Hoje eu lembrei daquela conversa sofrida: "Mas ficar com ele não vai abalar quem somos? 'não'; mas, ser tão próximo dele depois de tudo não configura uma relação? 'são diferentes'; mas e nós? 'nós estamos bem, eu te amo'". Se eu fosse eu, naquele momento (ou naqueles momentos) daquela conversa, eu não acreditaria, como não acreditei e por isso voltei tantas vezes ao mesmo ponto, à mesma pergunta. Hoje, eu sou eu e sabendo quem eu era naquele ano e meio atrás eu sabia que não era saudável. Hoje, ele te diz que 'te ama', enquanto o meu amor me desaba, desaba-me, porque eu sou eu.
Há uma semana amei você, novamente. Tava dando aula pras minhas turmas de 3ºmédio, meus formandos queridos. E o texto da apostila era "Mineirinho", de Clarice Lispector. Li aquele texto e chorei, como eu sei que você faz cada santa vez que lê. Eu chorei com meus alunos, eu chorei na frente deles, lendo o texto. Porque se fosse eu, teria chorado. E amei você mais uma vez, a cada linha; aquele amor que eu sentia por cada coisa que você amava. Engraçado - por ausência de palavra melhor - que Clarice diz, em determinado ponto de "Mineirinho": "eu sou o outro". E nesse momento eu sei que, amando você, se eu fosse eu, eu amaria as coisas que você amava. Porque sendo eu, eu era o outro. Sendo eu, eu era você, porque eu sou eu.
Se eu fosse eu, mal como fiquei, escreveria um texto, colocaria pra fora, por escrito, essas palavras, escritas no coração com uma ponta de navalha. Se eu fosse eu, escreveria a você. Sendo eu, fiz isso. Escrevi essas palavras. Escrevi pra você. Se eu fosse eu, seria gentil com você e ficaria feliz por você estar com alguém que te faz bem, mesmo que doesse de maneira que eu não acreditaria que suportaria. Sendo eu, tentei ser assim e quero que você seja feliz. Porque de todas as aprendizagens mais difíceis desse caminho pedregoso, a mais certa é que, mesmo sendo o outro, eu não deixo de ser eu. E quem precisa ficar bem, hoje, agora, quando, bem, sou ... eu.
Comentários