"E o poeta se deixa levar por essa magia, E um verso vem vindo, e vem vindo uma melodia, E o povo começa a cantar!" João Nogueira
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Mostrando postagens de 2013
Um atrás, dois à frente.
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- Eu preciso ir. Nós não podemos mais ficar juntos. - Não faça isso. Não vá embora; e a vida que planejamos? - Não posso mais, sinto que posso estar vivo ainda e não vou me condenar a essa semi-vida ao seu lado. Faz mal pra você e me destroi. - Não, eu te amo, fica. - Eu não te amo. Comigo, você não será feliz. Vamos seguir em frente. *** - Não, não quero repetir os erros dos relacionamentos passados. - Sim, mas não há uma receita, é difícil se relacionar de qualquer maneira. - Sim, você está certo. Mas tenho uma proposta: vamos conversar sempre e muito. Sempre que pudermo, quisermos ou precisarmos. - Isto parece bom, mas então estamos aqui combinando que temos um relacionamento? Rimos... *** - O que você tem? Qual o problema? Eu fiz algo que te magoou? - Não é nada. Quero ficar só. Posso? - Mas assim fica difícil, você nunca quer conversar. Como se relacionar assim? Silêncio. Fui embora. Chorei. *** - Hoje faz cinco semanas que estamos ju...
Preso
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Uma vida de contradições. Uma batalha sem fim. Até quando viveremos a espera de que essas coisas que deram sempre certo pela metade possam, enfim, vingar? Há alguns meses chorei pela injustiça comigo cometida. Hoje, choro pela injustiça, pela incerteza, pela distância, pelo desafazer-se. Meu, minha, comigo e com os outros, todos eles. E a solução pra todos os problemas parece não ser mais solução e, hoje, somos mais uns jogados por aí. "Dorme, meu filho", disse Drummond. São tempos difíceis.
cronos é quem consome os próprios filhos
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“Você vive um amor de Romeu e Julieta, isso não é assim”. Silêncio. Desligou o telefone. Sem explicação, ele me deixara. Procurei saber o porquê, alguma razão que eu acreditava cessaria a dor que insistia em doer sem ferimentos físicos. Um coração machucado. Um relacionamento que nasceu da convivência, do mundo e gosto comuns. Uma vida pra fazer. Acabou. Tempos depois, tentamos nos reaproximar. As mágoas e alguns desentendimentos nos afastaram de novo, com mais mágoas. Por fim, a vida nos delegou desculpas sinceras em meio à turbulências de outra ordem. Aceitas, o pé atrás perseguiu. Qualquer dia desses, a vida pegou uma pizza e um fio de conversa de dois amigos que não eram outros, senão nós dois que nos juntamos e separamos tantas vezes. Se alguma coisa deveria estar certa, somos amigos que deveriam coexistir e ajudar o outro a estar bem. Alimentando nossos próprios e independentes sonhos e dramas, a vida segue... não sem nos confortar com uma mensagem esporádica do ...
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A poesia está no dia No toque da mão amiga A mão-amor faz a poesia ser. O poeta canta ao longe: “Pelo inferno e céu de todo dia” Pela vida que arde no ser E o desejo de fazer Outra vida, mesmo amor. Poesia que vivo, Amor que faço, Vida que transformo, Homem que eu amo E não cabe ponto final Na poesia E no amor
Veneno monocromático
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São 7h da manhã e o galo não cantou nessa cidade cinza. Aqui somente a injustiça e a poluição reinam absolutas, e não há justiceiro que se faça sobre esse chão. Não dormir, aqui, é um hábito. Você não dorme por stress, porque não respira, porque não tem casa, porque não tem vida. A literatura não é uma saída possível... os artistas precisam de vida, e vida não tem. Ou como diriam os paulistanos mais jovens: vida tem, mas cabô! Seguimos procurando, aqui e ali, um sopro de vida, uma sombra de justiça, onde possamos nos abrigar do frio, do vento seco... Onde uma toalha umedecida de fé e esperança possa alimentar os ares secos desse não-sertão, não-lugar. A cidade que só destrói as pessoas que lutam para construí-la, essa mesma cidade espera cada vez mais das pessoas. “Olhos sujos no relógio da torre: Não, o tempo não chegou de completa justiça. O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.” (CDA) São Paulo, 27 de abril de 2013.
Nos liberi sumus
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Às vezes se espera, chegar é que é difícil. Aquela frase foi dita depois de muito se pensar. Ele não conseguia conter-se, ou já não podia mais. As palavras presas na garganta, dançando no seu cérebro. Não era fácil dizê-lo, mas era preciso. Tão preciso quanto foi dizer, mais de uma vez, aquilo que estava errado. Foi preciso também repensar. Agora, o pensamento atribuía a devida parcela da culpa – não seria toda ela – a ele, que disse a fatídica frase, necessária frase. Lembrou-se do conto lido, certa vez, numa temporada na Europa. Kafka escreveu uma história que tratava de um mensageiro cuja incumbência dada pelo imperador era levar uma mensagem, que, no entanto, nunca chegava ao seu destino, por mais que o mensageiro ultrapassasse muros, mais muros ele encontrava na sua frente. Talvez a frase, afinal dita, não atingisse o seu destino. Talvez a verdadeira mensagem nunca chegasse ao destino, ou a verdadeira frase nunca fosse proferida. Tal qual o segredo dos suicidas, considerado...
Em tempo
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Em tempo As ruas cariocas são sempre uma surpresa; nem sempre para o bem, mas naquele dia João estava com sorte. Estava naquela cidade por acaso, nunca tinha pensado em ali estar. Quem lhe deu a ideia foi o menino com quem ficara naquele frio nove de junho, no outono cinza e chuvoso de São Paulo. São Paulo sempre foi a pátria amada, a cidade de braços abertos, a cidade que não para. Parou. O ônibus parou na Rua Barata Ribeiro. Parecia uma afronta andar de ônibus por essa cidade. São Sebastião do Rio de Janeiro foi desenhada para que nela se andasse de bicicleta, só um veículo que não corresse muito e não tivesse paredes e janelas poderia permitir aos olhos encantados enxergar toda a beleza desse lugar, mesmo à noite, o Rio de Janeiro deixava qualquer um de boca aberta. Seguindo pela Rua Sá Ferreira, João parou novamente na esquina com a Nossa Senhora de Copacabana. A cada esquina, ele se perguntava como pudera viver tanto tempo sem ali vir, sem conhecer aquela cidade. Lembrav...