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λόγος - movere - travessia

Seria possível viver dentro das palavras? Considere que as palavras vivem dentro de si e o contrário poderia ser possível. Saiu de casa numa noite de sábado e sentou na mesa de bar enquanto, calado, ouvia a música que entoava. À sua volta, velhos amigos. Um deles chamava a atenção mais que os outros. A pele morena. Os olhos vívidos. E o silêncio compartilhado. Os amigos conversavam, mas ele estava dentro de si e ouvia menos do que imaginavam que ouvia. E o outro, aquele um, na outra ponta, parecia viver do mesmo. A noite pedia mais cerveja, a noite pedia risadas, a noite pedia dança. Caminharam na noite fria em busca de abrigo pro desejo incessante do corpo que implorava por movimento. Mas os desejos iam além disso. No frio escuro da noite de sábado os corpos pediam um encontro, um abraço, um calor, um amor. Quanto de um amor pode ficar guardado e durar pra sempre, no silêncio das palavras que não ousam mais sair? Quanto pode alguém permanecer dentro das palavras, dentro d...

o começo do fim

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No último dia 9, fez cinco anos. Entre hoje e amanhã, faz um ano que acabou. Eu ainda circulo dentro disso. O maior amor da minha vida se foi em junho de 2016 e agora faz um ano. Faz um ano que eu não abraço você, que eu não ouço a sua voz, que eu não sei o que é o maior amor de uma vida inteira. 5 anos se passaram e eu vivi os melhores e os piores dias da minha vida. A morte nem sempre é pontual. Às vezes ela vem um pouquinho, todo dia, nos últimos 365 dias, todas as vezes que - todos os dias - eu lembro de você. "Nobody said it was easy Oh, it's such a shame for us to part Nobody said it was easy No one ever said it would be so hard I'm going back to the start"

O mesmo, outra vez

Outrossim. Outrora. Outra vez, aqui. A rotina quase esmaga o que sobrou de mim, o que sobrou de nós. Mas basta um instante livre do peso do todo-dia para reviver mentalmente todo-o-dia o que vivemos. Para bem e para mal. Dançar na festa da faculdade e segurar a vontade do beijo. Conversar pela internet. Marcar um encontro. Encontrar e abraçar, no dia frio, sentindo o calor que emanava daquele amor que era semente e cresceu e floresceu e.... morreu. Morreu? Não morreu, porque se assim o fosse não estaria aqui, pulsando, virando palavra, caindo no papel o que transborda do coração. Sendo piegas. Sendo amor. Sendo vivo: “Hoje este gessozinho comercial/É tocante e vive, e me fez agora refletir/Que só é verdadeiramente vivo o que já sofreu”. Manuel Bandeira, sendo Manuel Bandeira, é bem capaz de definir o que sinto, o que é esse sentimento, que sofre e faz sofrer, mas que é tocante e vive e me faz refletir. Sempre. Depois de tanto tempo, ainda vivo, isso levanta perguntas, que pair...

Não será passageiro

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Te amarei de janeiro a janeiro Até o mundo acabar

questo silenzo dentro me

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às vezes eu queria saber falar muita coisa, mas só o silêncio e a folha em branco cabem em mim e ao meu redor Deu uma saudade enorme, de muita coisa, uma delas foi a Itália. E a Itália tem a cara da Itália, mas ela também tem a sua cara, o seu cheiro, o calor do seu abraço Digo apenas que olhei nossas fotos, lembrei de nós dois em Roma. Lembrei de nós dois em qualquer canto do mundo. Quantas vezes já escrevi, nesse mesmo blog, que podia faltar tudo, mas tínhamos um ao outro e isso era tudo, de modo que não faltava nada. Nada mais sou capaz de dizer. Tenho saudade e vou guardar você comigo; acho que vou guardar a sua memória comigo enquanto o mesmo céu azul estiver sobre o Brasil e sobre a Itália. Sobre qualquer canto do mundo. Em qualquer canto do mundo, eu serei o mesmo, o sentimento vai existir e espero que você exista - bem e feliz, ainda que longe "Questo silenzo dentro me È l'inquietudine di vivere la vita senza te" La solitudine - Laura Pausini