Liberdade, liberdade
Será que a gente consegue ser livre de verdade? Essa pergunta o perturbava há dias. Não foi diferente na noite de sexta-feira, às vésperas do natal, quando foi tocado por uma cena de série em que alunos homenageavam uma professora. A identificação é uma coisa foda. As palavras de uma personagem atingiram em cheio o peito do jovem professor que viu, na emoção dela, suas próprias emoções. A pergunta martelava na cabeça enquanto, preso em casa, à rotina, queria se sentir livre. Noite de dezembro, cinza lá fora, na cidade cinza, cinza ali dentro, só o pó. A eterna procura, o inexplicável desejo, a iminente ação, a palavra não dita, o sentimento não confesso. A prisão invisível que segura o inexistente. Que porra de sentimento é esse que não acalma nem estoura, que lateja? Esse tempinho sem jeito, nessa cidade toda estranha, que de tão estranha se torna casa, se torna lar, se torna família, ela mesma, dos sem-família, dos voluntariamente sós, daqueles que, estando juntos, estão soli...