Somos feitos de outonos
Meia estação, tempo de repetições. Dias comuns, rotinas desbotadas tal qual as folhas que caem das árvores ao bater do vento. No fim do dia, o recolhimento, o cansaço de mais um dia vencido, apesar dos pesares. E o que pesa, no fim do dia, no fim da vida, é nada. Viver tem sido esse grande vazio e lidar com ele é o significado do que é viver. Às vezes, viver é aceitar que são poucos os gênios, mais comum é a mediocridade da rotina. São poucos os magníficos, comum a simplicidade. São poucos os que serão lembrados, muitos serão esquecidos como a estação que se dissolve no decorrer dos dias, enquanto esperamos, iludidos, verões que se projetam com planos, férias, amores, viagens e felicidades que, também elas, passarão como passam as primaveras, os verões e os invernos. Essas linhas se repetem e se mostram, na minha frente, tão desafiadoras quanto os dias se desfiam na minha vida. Talvez escrevê-las seja mais uma tentativa de fugir ao esquecimento tácito do tempo, bem como é tam...