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Mostrando postagens de setembro, 2016

No Rio, em casa

Chegar no Rio é chegar em casa, e a gente sabe como é chegar em casa, porque a gente tem saudade de casa. Passar uma semana fora já deixa a gente com saudade daqueles mergulhos no sofá da sala, de tocar sua música enquanto toma aquele banho esperto, de sentar no chão pra folhear seus livros. Mas quando eu chego no Rio, tenho essa mesma sensação, com uma saudade agravada por – algumas vezes – meses de distância. E poder entrar num dos ônibus malucos que correm a Avenida Passos em direção à região sul e sentir o velho conhecido frio na barriga todas as benditas vezes em que os motoristas dão aquela freada brusca – o que rola em cada esquina, em cada semáforo, diante dos táxis amarelinhos, sei lá – só isso já é a velha sensação de entrar em casa e largar no canto a bolsa (e a roupa). Da Zona Norte à Zona Sul, se enfurecer no metrô lotado, pegar um trem da Central, ter plena consciência da desigualdade surreal e criminosa que separa a Zona Sul do subúrbio, ou os bairros nobres da peri...

O retorno da dor

Às vezes volta a doer quando vc menos espera. Dói por tantos motivos estupidos. Hoje doi, mais uma vez, por tudo que eu fiz pra que a gente tivesse algo, conseguisse conquistar algo e viver melhor. Nunca foi suficiente. Eu sei que é besteira ficar revivendo / repensando no que já passou e não tem solução. Mas é tão tão tão revoltante. Eu soube da novidade. Soube pelos amigos, meio sem querer. Ele não só não quis viver comigo, como - de covarde que era - sempre me atrapalhou viver plenamente aquilo que eu queria muito. Mas eu o amava. E como disse uma postagem de facebook, outro dia: se afastar de alguém é difícil. Mas se afastar de quem você ama, isso é foda pra caralho. Que tristeza.
Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas. Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas. A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor É que são Ridículas. (Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas.) Álvaro de Campos, 21/10/1935