No Rio, em casa
Chegar no Rio é chegar em casa, e a gente sabe como é chegar em casa, porque a gente tem saudade de casa. Passar uma semana fora já deixa a gente com saudade daqueles mergulhos no sofá da sala, de tocar sua música enquanto toma aquele banho esperto, de sentar no chão pra folhear seus livros. Mas quando eu chego no Rio, tenho essa mesma sensação, com uma saudade agravada por – algumas vezes – meses de distância. E poder entrar num dos ônibus malucos que correm a Avenida Passos em direção à região sul e sentir o velho conhecido frio na barriga todas as benditas vezes em que os motoristas dão aquela freada brusca – o que rola em cada esquina, em cada semáforo, diante dos táxis amarelinhos, sei lá – só isso já é a velha sensação de entrar em casa e largar no canto a bolsa (e a roupa). Da Zona Norte à Zona Sul, se enfurecer no metrô lotado, pegar um trem da Central, ter plena consciência da desigualdade surreal e criminosa que separa a Zona Sul do subúrbio, ou os bairros nobres da peri...