Sem notícia
Saiu do Butantã sem saber pra onde ia. Aquela noite não tinha sido fácil. Entre cochilos, gritos e ventania, acordou no meio do caos, na cidade de São Paulo. Não suportava mais aquele lugar. Quais seriam as estatísticas de suicídio na maior cidade do hemisfério sul? Uma cidade do tamanho do mundo que não foi projetada para as pessoas que moram nela. Sentia que não cabia ali, mas também não cabia em si. Quantas vezes olhou pros trilhos do metrô que pegava depois e antes de entrar em ônibus cheios que completavam o trajeto do caminho incompleto, mas nunca o levavam de si pra si, mas talvez não coubesse em si, como não cabia naquela cidade. Sonhava com outros tempos. Acordado olhava em volta: rostos tristes não respondiam ao seu anseio interior, de quem precisa de amor. Todos estavam cansados, muitos nem sabiam disso, mas estavam. Tudo parado na Cidade de São Paulo, trânsito, saúde, amor. Nada parecia funcionar. No meio da Avenida Paulista teve que correr. As pessoas corriam, barulho...