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Mostrando postagens de março, 2013

Nos liberi sumus

Às vezes se espera, chegar é que é difícil. Aquela frase foi dita depois de muito se pensar. Ele não conseguia conter-se, ou já não podia mais. As palavras presas na garganta, dançando no seu cérebro. Não era fácil dizê-lo, mas era preciso. Tão preciso quanto foi dizer, mais de uma vez, aquilo que estava errado. Foi preciso também repensar. Agora, o pensamento atribuía a devida parcela da culpa – não seria toda ela – a ele, que disse a fatídica frase, necessária frase. Lembrou-se do conto lido, certa vez, numa temporada na Europa. Kafka escreveu uma história que tratava de um mensageiro cuja incumbência dada pelo imperador era levar uma mensagem, que, no entanto, nunca chegava ao seu destino, por mais que o mensageiro ultrapassasse muros, mais muros ele encontrava na sua frente. Talvez a frase, afinal dita, não atingisse o seu destino. Talvez a verdadeira mensagem nunca chegasse ao destino, ou a verdadeira frase nunca fosse proferida. Tal qual o segredo dos suicidas, considerado...